segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dos três mal-amados

-
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto.

domingo, 25 de maio de 2008

Ai.

-
Ele a soltou a mão. Ela o permitiu partir. Com um sorriso de canto de boca, e com a certeza de que ele irá voltar, apenas comentou - vá, viva, volte mas não me provoque! Ele já dobrava a segunda esquina com cuja compainha ela jamais haveria de saber. E ele seguiu só. Provocar é umas das antimanhas mais perigosas que o ser humano usa para manipular. Para controlar diversas situações. O perigoso é que quando se provoca pouco se reflete sobre isso. Egoísmo toma conta e então pode se perder muito com aquilo alí. As consequencias podem ser irreversíveis. Pode mudar completamente determinada situação com um pouco de provocação. As vezes provocar é necessario e se torna até bom. Mas em sua maioria, por ser usada de forma irracional acaba gerando o que nem se queria. Embora muito pacifica, ela não era tão paciente quando os olhares de fora acreditavam ser. Ela evitava muito, e era as vezes estremamente calculista. Mas vez ou outra agia por impulso. Mas não ousava provocar. Acreditava muito em sentimento e conhece bem cicatrizes. Tenho algumas cicatrizes abertas ainda, situações mal-resolvidas que quando vem à tona, retornam a sangrar em minha pele, na minha vida, na minha alma. Não sei bem como curar, mas aprendi a viver com ela. Confesso que essas feridas até me instigam as vezes. Há horas em que é necessario um pouco de dor para que possa reagir, para que eu lute para amenizá-la já que há coisas que não tem como acabar. É que ainda acredito no pra sempre.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Campos de morango para sempre.

-
Hoje estou bem e confesso que isso me dá certo medo.
Estar bem é o primeiro passo para que algo venha a dar errado, assim como estar mal é primordial para que possa melhorar e passe então a ficar bem. Me acalmo. Raciocino. Recordo-me que se alguma coisa que está bem, na verdade pode nem vir a dar errado, e sim ficar bem melhor, tornando-se então; ótimo! E se caso ainda assim, insistir em pensar que algo pode não progredir, passo então a enxergar que esse ótimo pode ainda sim melhor através de uma progressão e tornar-se; excelente!
Ampliando minha visão e minha mente, chego a conclusão de que as coisas podem sim, e tendem a progredir, sempre. Da mesma forma pode vaguear, pode tomar um rumo e seguir avante a qualquer momento, em qualquer instante sem discernir se algo está ruim, péssimo, bom, ótimo ou excelente.
É incontestável que as coisas são mesmo imprevisíveis e mudam involuntáriamente ou exporadicamente, mas se transformam.
A vida se baseia nisso, em diversas situações cujo o futuro não se pode prognosticar. Onde um dia se percebe que diante delas é mais válido lembrar de que, bem mais provável que piorar, as coisas tendem a melhorar e a fomentar.
Sigo então a vida, sem tentar prever, apenas tentando viver entre os meus campos de morango para sempre.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Serena celeridade.

O medo ainda reside em meu peito, esse que pulsa agora bem mais aliviado. Acordei num mundo real onde me levaram a minha caxinha de lápis-de-cor. Espero que volte logo. Não sou florentino Ariza, mas acredito no amor dele. Acredito no meu amor. Por isso sei que dará tudo certo, porque eu realmente amo. E não vou desistir assim tão fácil não. A grande aflição dos últimos dias, multiplicou toda a sinceridade que havia e transformou o que houve alí. Naturalmente tudo se entregou. As lágrimas surgiam. O sorriso era de verdade. E o abraço o mais gostoso. Recordações complementavam o momento que tinha alí o teu cheiro, o teu gosto... Palavras não expressavam sentimentos, nem grandezas. Definições então, tornaram-se inúteis, e acabavam complicando ainda mais. Estava tudo tão embaçado que era facilmente confundido, agravava ainda mais coisas pequenas que multiplicadas, permitia nos perdermos. Diante de tant desabafo, era fundamental uma decisão. Que tanto aguardei, que tanto tem, por qual tanto chorei. Priorizando o bem em comum, sem tanto sofrimento e lágrimas estamos como está. Não sei bem se quanto as lágrimas adiantou muito, pois elas ainda estão aqui sobre minha retina, elas formam uma camada d'agua que ainda embaça a visão de um coração ainda confuso. Embora mais tranquilo por saber que é válido acreditar no amor. Por ver que é recíproco e que ambos querem um futuro. Esse bem melhor que o ontem. Não vou mentir dizendo que já estou bem. Acredito que tudo hoje foi extremamente válido,e teria sido tudo ainda mais belo, se terminasse tudo já resolvido. É só saber aproveitar bem o que estamos passando agora que acredito que isso tudo é mesmo pro nosso bem. A incerteza ainda me segue, mas estou mais serena. Feliz pelo dia de hoje, intimidada pelo que será amanhã. Sem celeridade, tento seguir. E ainda aguardo.


Post curto pois estou com muito sono. Também não quero comentar muito sobre o dia de hoje.
Guardarei para mim cada momento, cada segundo, cada expressão cada gesto, cada sorriso, cada olhar, cada cheiro, cada toque, cada sabor, cada lágrima. Só pra mim. Momentos cuja beleza é incomensurável.

sábado, 17 de maio de 2008

cambalhotas n'agua.

-
essa miscelânea, distorce muitas coisas a ponto embacar o meu reflexo, impedindo de ver no que me tornei. onde cheguei e como estou. nao sei exatamente o que estou sentido e me perco num furacao de sentimentos. angustia, medo, alegria, dor... amor (?) encontro-me desencontrada, perdida. estou entre aqueles galhos tortos e folhas podres que deixei cair no fruto de nos dois, daquele velho canteiro de flores do nosso quintal. e agora estou aqui. sem saber muito o que fazer ou o que pensar. apenas estou. é como dar cambalhotas n´agua pela primeira vez, vc perde o equilibrio totalmente e se ve dentro de um meio demasiadamente incomum, o meio líquido bem diferente do que lhe é habitual, é um situacao bem estranha... Na verdade queria uma setinha que apontasse uma direcao. e vai ver é isso que realmente me falta. um caminho. uma direcao. essa que nao esteja tao confusa, tao embacada como me encontro agora. é uma madrugada fria, e essa incerteza muito me machuca. tive um dia muito bom hoje. um dia muito louco. ate que foi um dia feliz. mas por nao ter esclarecido algumas muitas coisas, ainda nao foi perfeito. mas que ambicao a minha de procurar dias perfeitos, e na verdade eu nunca procurei muito isso. ate o que situacoes meio-ruins me satisafaziam e me animava ate, pois sabia que logo apos viria algo melhor, e que de certa forma até veio. mas agora nao sei bem. sinto que se algo de ruim vier a aparecer nao vai melhorar assim tao rapido. vou precisar de mais de uma carteira de wollywod para pensar um pouco. vou precisar de mais abracos. vou precisar de mais sorrisos pra me consolar. vou precisar de mais lagrimas para me acalmar. vou preciar de mais caneta e papel para tentar expelir tudo que sinto. como se ja nao bastasse meus olhos sem brilho, meu caminhar distorcido, minha cabeca rebaixada, meu rosto sem tom. minha vida sem flores. sinto que faltara o meu velho lapis de cor para colorir tudo isso. faltara motivacao a isso. espero que tudo isso passe, e logo. quero muito um esclarecimento sabe? uma coisa mais objetiva. sem tantos rodeios, sem tanta confusao. sem tanto medo. quero a certeza nos teus olhos, quero o amor do seu coracao, quero a garantia de que tudo isso vai passar, logo. e que tudo nao voltara a ser como antes, e sim melhor. e sabe? eu to bem disposta a isso. quero o melhor pra mim, quero o melhor pra nos.




(...)Fermina Daza:

- É incrível como se pode ser tão feliz durante tantos anos, no meio de tanto bate-boca, tantas chateações, porra, sem saber de verdade se isso é amor ou não.


Fermina demorou muito pra reconhecer o amor, e para se entregar a ele.

Florentino Ariza nao desistiu dela, esperou ate o dia em que ela aceitou se entregar.

Com pouco mais de meio século depois, permitiram-se amar, e amaram.



como se ja nao me bastasse estar bem confusa, esse teclado do pc de mona, é extremamente louco e eu nunca acho os acentos, nem algumas letras, nem simbolos, depois refaco esse texto.

me desculpe, mas é que estava precisando exalar isso agora, a essa hora da madrugada.

todos estao dormindo, mas nao estava conseguindo, e nem sei se vou.

pior é que aqui nem posso queimar algumas cinzas para me acalmar, tento entao me conformar com esse teclado louco, e com o espaco do meu blog.


larguei!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

quinta-feira, 15 de maio de 2008

pinte!

-






Sorrir

é a melhor

maquiagem.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Tempo (!)

-

do Lat. tempus
s. m.,
duração limitada, por oposição à ideia de eternidade;
período;
época;
sucessão de anos, dias, horas, momentos, que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro;
meio indefinido onde se desenrolam, irreversivelmente, as existências na sua mutação, os acontecimentos e os fenómenos na sua sucessão;
certo período determinado em que decorre um facto ou vive uma personagem;
oportunidade;
ensejo;
estação ou ocasião própria;
prazo;
duração;
estado atmosférico;

(...) angústia.

Mas é todo amor.

Fermina Daza :
- E até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir ?

Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites:
- Toda a vida.

(GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel. O amor nos tempos do cólera. São Paulo: Record, 1985.)



Belo no início ao fim.
Florentino amou Fermina por esses mais de cinquenta e três anos, amou-a desde a primeira vez que a viu. desde a primeira vez que a escreveu e ela o respondeu. Esperou todo esse tempo para reecontra-la. Ele não esperava por um amor. Ele vivia o amor, pois a amava. Amava Fermina mesmo longe, a amava mesmo sem respostas, a amava mesmo com outras, a amava mesmo depois de seiscentas e vinte duas mulheres. A amava todos os dias. Lembrava dela todos os dias, e não deixou de amá-la nem por um segundo.
Florentino acreditava no amor, por isso viveu um.

E eu ainda acredito no amor.



(...) Fermina Daza estava na cozinha provando a sopa para o jantar, quando ouviu o grito de horror de Digna Pardo e o alvoroço da criadadem da casa. Atirou a colher de pau e tratou de correr como pôde com o peso invencível da idade, gritando feito uma louca sem saber ainda o que acontecia debaixo da copa da mangeira e o coraçao lhe estourou em estilhaços quando viu seu homem estirado de costas, já morto em vida mas resistindo ainda um último minuto a chicotada final da cauda da morte para que ela sua mulher tivesse tempo de chegar. Chegou a reconhecê-la no tumulto através das lágrimas da dor que jamais se repetiria de morrer sem ela, e a olhou pela última vez para todo o sempre com os mais luminosos, mais triste e mais agradecidos olhos que ela jamais vira no rosto dele em meio século de vida em comum, e ainda consguiu dizer-lhe com o último alento:
- Só Deus sabe quanto amei você....

terça-feira, 13 de maio de 2008

Debaixo do canteiro de flores.

-
deixei tomar conta. e quando cai em mim, num bosque com apenas um feixe de luz, encontrei-me perdida dentro de um mundo chamado eu. aonde estava o que havia ali?! o que restara dos lapis de cores que colori todo o universo rodeava a mim?! pintei as flores, o céu, as ruas por onde passei, quase as mandei ladrilhar, colori tudo para você. para que pudesse notar. e depois que notou, se desnorteou?! tentei. quis mudar muita coisa. calculei cada segundo, cada milimetro medi para que coubesse em mim e pudesse dividi-lo. mas deparei-me em uma subtração. e aqueles múltiplos que ali também se encontravam se multiplicaram numa progressão de impulsos que fugiu da minha real condição. real condição de um mundo irreal. realidade utópica que nao compreendia. mas vivia. sobrevivia por aquele ar. abria os olhos demanhã para ver aqueles sorrisos. me permitia para sentir o que me tocava. o que me tocava tanto. e que derepente não tocava mais?! tocava. toca. de modo diferente. haviam subvertido muito que estava alí. é preciso pensar. refletir... calma! não sei bem se já é hora de agir. tem muito que se multiplicou alí. tanta coisa que pode se perder. pera que vou pegar uma sacola, um c(s)esto para recolher aquilo lá. demorou-se tanto a se construir. espontaneamente. havia (há) sinceridade ali.(?) mais algumas mochilas e um pouco de medidação... até o meu mantra refletia o meu sentimento. tudo tornava-se fundamental, vitál. e o controle estava debaixo das flores, naquele canteiro do lado esquerdo da janela do quintal. sim. as flores guardava no quintal. não era um jardim. não havia necessidade de expor tanto assim. aquelas flores refletia meus sentimentos. nasceram naturalmente fruto da harmonia, do carinho do colorido dos lapis de cores. ah já sei onde estavam. recordo-me que os joguei pela janela do quintal após colorir a minha vida. pequei por no impulso do palpitar acelerado do coração, não perceber que as cores se desbotam e que num futuro agora breve, precisaria recolorir algumas coisas, e dar novas cores a outras. dos tocos dos lapis brotaram as flores. essas que surguem de onde há vida. e onde mais haveria de ter cores se não em lapis de cor que usei pra colorir meu universo?! hoje dedique-me a colher algumas flores. fui buscar o que havia construido. as flores que em conjunto colori. que a vida cuidou de contribuir. e que meus sentimentos alimentaram. que o dia-a-dia cuidou de florecer... e ao catar as flores, deparei-me com o que havia além do superficial. além do que se vê. encontrei a base. o começo. o êmago. o fundamental. algo brilhava! mas estava coberto com um pouco de terra, algumas folhas haviam caido alí em cima também. a consequencia de tudo estava ali. os meu impulsos cobriram o fundamental que havia ali. continuei a observar. ainda acanhada a tocar. não queria mexer no que havia alí. nobres sentimentos era o quecobria. e de fatos mexer em sentimentos é bem complicado. tinha medo de mudar, xaqualhar e confundir. mas diante daquele brilho que se escondia ali embaixo, era necessario mesmo mexer. tive que tocar. movi o sentimento que cobria. afastei as folhas mortas caidas que deixei acumular. notei então que proximo as raizes das nossas flores havia algo que ao retirar o superficial, brilhava ainda mais. brilhava tanto cujo o encanto era inenarrável. uma luz bela que acalentava meu coração por demais aflito apos mexer em sentimentos tão frageis. descobri então o que havia ali debaixodas flores. o que era tão fudamental a sua existencia. vi a base. vi a o que sustentava a verdadeira essencia. era um pedacinho de espelho. espelho esse que me vi. e que me vi um reflexo de você em mim. vi tudo que há de bom. vi que aquelas folhas podres e mortas era apenas o superficial. que podem ser retiradas. vi alem daqueles galhos tortos que podem ser podados. vi que o vital às flores era a reciprocidade. era o reflexo. era a luz que você refletia em mim. era a vida que você trazia a mim. sem você não havia reflexo em mim, não havia flores em mim. não havia vida em mim.

meu amor por você esteve escondido entre folhas e galhos tortos que não me concientizei em podar. mas hoje ao procurar nossos frutos, vi que além de flores meus impulsos deixaram acumular muito alí. muito tornou-se pouco diante daverdadeira essencia que há. do amor que há alí. do amor que tenho por você. tudo que há hoje pode ser podado, adptado para que possa entrar mais luz, para que as coisas possam fluir melhor. para que eu possa estar com você. vi alí debaixo o que havia de mais belo e mais importante: o meu real amor por você.



sem você não há flores.


domingo, 11 de maio de 2008

dormir?

coração tá apertadinho. não sei se conseguirei dormir. preciso que segure minha mão. não sei bem o que sinto agora. mas tô com medo.